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quarta-feira, 1 de agosto de 2012

DIARIO DA RECUPERAÇÃO DAS QUEIMADURAS: 13º Dia


13º Dia:

18h 50m – Hoje tive visitas. O J trouxe a G para me ver e trazer uma coisa que me estava a fazer muita falta. Somos amigas desde o colégio. Ela é otima companhia pois está sempre muito divertida e bem disposta.
Almoçaram juntos feijoada de choco no restaurante “o Marques”, que fica ao fundo do muro do jardim. Disseram que estava melhor que bom e que os donos são muito simpaticos. Come-se mesmo bem ali; mas não me posso permitir "avarias" dieteticas.
Eu continuo com a mesma dieta: as galetes de arroz com farripas de umeboshi e chá de 3 anos.
...
Estivemos a ver que médico íamos chamar para nos tirar dúvidas. Ando desconfiada que está a sair pus e isso não é nada bom. Teoricamente não deveria ter infeção alguma mas este liquido leitoso não me agrada nada. E isto ainda tem uma grande superficie.  Fiquei com uma grande parte do meu corpo para o fritito... 
A G sugeriu que chamassemos o nosso amigo Eduardo (Pereira Marques) para me ver.
Ele é médico além de brilhante, muitissimo inteligente e culto. Tenho grande admiração por ele e muita pena que nos vejamos tão pouco. Fomos colegas no liceu e em medicina. Ele acabou este curso; enquanto eu mudei para a Escola Superior de Belas Artes. Mas paralelamente fui sempre estudando metodos naturais de cura, que fossem muito eficientes.
Juntos pusemos a macrobiotica/vegetariana/vegan na universidade portuguesa. Estavamos em 1973 e levavamos comida para o balcão da Associação de Estudantes de Medicina de Lisboa. Na “cantina velha”, aqui foi já por total mérito do Eduardo, o balcão do bitoque foi substituído pelo da comida macrobiotica-vegetariana. E foi logo em 1974 ou 75. O que era grande motivo de inveja dos meus colegas de escola, na Suiça.
Ele só chegou cá a casa cerca das 18h 30. Veio de transportes publicos, por razões filosóficas.
Como médico tirou-me todas as duvidas.
Diz que não tenho nada infectado ou sequer inflamado. E que aquilo não é pus. Ufff... Que alívio!
Que todas as queimaduras do 1º e 2º grau estão com muito bom aspecto.
Quanto às profundas, a que ele insiste chamar do 3º grau, diz que irão levar mais de um mês a sarar. Quando vou poder vestir-me outra vez?
A classificação de queimaduras que conheço vem de um livro norte americano. Que consideram para além do 3º grau (mais ou menos como as do 2º mas sem pele) tambem as profundas (com insensibilidade).  Meros sistemas de classificação. Não é importante.
Descrição formal feita pelo Eduardo:  
“queimadura extensa na perna, pé e coxa. Com duas áreas de queimadura profunda na coxa com o tamanho de 2 palmas da mão. A pele intacta circundante não tem sinais inflamatórios.”
Vai sair daqui com fotocópias dos meus livros de cura natural e pediu-me montes de informações sobre o que estava eu a fazer.
Gente inteligente é curiosa e sempre disposta a aprender.
Ainda bem que a G se lembrou do Eduardo. Ainda me aparecia aí algum artolas novato que ficaria aflito por não estarmos a fazer tudo como lhe tinham ensinado na escola. O Eduardo é muito experiente e como tal seguro de si.
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Hoje apeteceu-me comer. Fiz um prato com tofu cozido e miso de cevada espalhado por cima. De resto fiz a dieta dos ultimos dias: galetes de arroz com farripas de umeboshi. Com garfadas esporádicas de chucrute ou de malte de cevada.

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A pele frita na perna começou a romper-se. Por baixo ve-se uma pele nova,  muito encarnada. Extremamente sensível.

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Outra noticia que muito me alegrou foi ter descoberto, no armário da casa de banho, um frasco de cobre da BioCatal. Em spray. Aplica-se debaixo da lingua e deixa-se ficar em contacto com as mucosas da boca o maior tempo possivel, para ser absorvido. Já seve estar fora de prazo. O que me rala absolutamente nada. A maior parte destes prazos são uma grande treta. Isto não é carne, nem peixe, nem ovos, nem lacticinios.  Importante agora é que não vou precisar de toxicos antibioticos/antivida! UAU! :-)

19H – O J fez-me novo emplastro. Está a ficar bom nisto! Diz sentir-se um curandeiro indio a recolher plantas no jardim. 
Apliquei o novo emplastro: folhas de 7 ramos de alfazema, 7 folhas de consolda, um bocado de gengibre do tamanho de um dente de alho, 2 folhas de aloé, 3 fatias de tofu, 3 batatas, 3 inhames e basta. Ao lavar a perna tive de escorrer as bolsas de água que se formaram nos restos de pele morta.Iac!
Ainda bem que sei manter a qualidade do sangue. 
Doeu-me perto do tornozelo. O Eduardo diz que foi por esta zona ser muito vascularizada. Daí ter o peso e a dor. 
Que bom ter por perto um bom médico!

Disse tambem que quanto mais longe do coração mais dificil de curar. Portanto que tive muita sorte em a queimadura profunda ser na coxa e não na perna ou no pé. 
Já a noite ia alta quando lá voltaram os 3 para Lisboa.  Gostava de ser mosca, meter-me no carro com eles e poder ouvi-los. ;-)
 
Mais tarde o Eduardo mandou-me um sms recomendando que me movesse a todas as horas e que esticasse a perna.
Sugeriu que tomasse chá de salgueiro. 
Ai! Estas preparações fitoterápicas costumam ter sabores horriveis. 
Prefiro manter-me com a base da minha comida que sabe bem e faz bem. Além de me massajar com shiatsu e das mudanças de posição. De qualquer forma sinto-me muito mais segura sabendo que posso contar com o Eduardo e o seu saber. Comparamos o que sabemos e logo decidimos. Vamos continuar em contacto frequente por email com fotos.

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A nova pele está encarnada e muito lisa. Como a de um recem-nascido. E todos os toques doem muito. Coitadinhos e quando chegam a este mundo ainda lhes dão uma grande palmada.
Que habitos selvagens ainda temos de perder.
E depois ainda os envolvem demasiadas vezes em tecidos artificiais e deixam-nos sozinhos na cama em vez de ficarem encostadinhos à mãe. Agora entendo plenamente o sindroma de morte súbita nos bebés. Naqueles berços todos cheios de coisas de fibras artificiais... eu tambem preferia ir desta para melhor.
Continuo a pensar no pilingue da Lili Caneças. Para me inspirar e referir-me a algo que acaba bem.

...

21h 34m – Acho que comi tofu demais hoje. A minha dieta foi bocados de galetes com farripas de ameixa umeboshi agarrados. Mastigadissimos. Porque será que não me apeteceu chá de 3 anos? Só bebi água de argila e de cristais. 
Não posso entender tudo mas desde que respeite o que o corpo me pede intuitivamente, continua tudo bem.

3 comentários:

  1. Mais uma vez gostei de ler-te e muito especialmente de te saber (sentir) forte e confiante.

    Há muito mais para além do que comemos e tomamos que influencia a nossa evolução electro-bio-química!

    Boas ondas Mª!
    Bejos!

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    Respostas
    1. Obrigada Luis! :-)
      Concordo contigo.
      Mas sem a base de uma boa alimentação temos mais dificuldade em manter o moral alto.
      Se nos andarmos sempre a envenenar fica dificil recuperar a saude mesmo que desintoxiquemos continuamente.
      Permabraço :-)

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  2. Cara Maria,
    Que grande provação que foi sujeita....
    MAIOR ainda é a sua coragem e capacidade de aceitar a dor....
    Não consigo imaginar aquilo que tem passado mas desejo-lhe o maior sucesso na sua cura e que em breve se começe a vêr os tão desejados poros e os pelinhos loiros ;)
    Vou acompanhando

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