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sábado, 26 de abril de 2014

Agressão "Revolucionária" a Amália, em Lisboa, era o 6 de outubro de 1974.

O 28 de setembro tinha sido poucos dias antes. Os lideres federalistas e moderados estavam a ser enxotados do poder. Seguia-se agora a perseguição aos simbolos e mitos da portugalidade que ainda existiam.
Os quais poderiam inspirar e servir de guia à maioria da população. Sem saber bem o que se havia de fazer começaram a fazer tudo ao contrário do que se fazia antes.
Iniciava-se então o PREC (Periodo Revolucionário em Curso). Liderado por minorias muito ativas.  Seres obedientes a potencias estrangeiras?
Amália cantava na Central de Cervejas em Lisboa. Era 6 de outubro de 1974.
Entretanto foi agredida verbalmente por um qualquer mediocre. Nem sei quem seja. Nem quero saber. Fê-lo com a habitual argumentação estúpida e desconexa.
Contudo eficiente, naqueles tempos de medo e fúria.
Eu naqueles tempos era uma "jovem inconsequente" mas não me dava com idiotas e nunca dei por nada disto. 

Escrevi isto no facebook:
"Um documento importante é ouvirmos isto para sabermos como eram os mediocres a atacar. Pois para destruir qualquer imbecil serve. :/ 
Tem de ouvir isto para conhecer o que foi o terrorismo psicológico cheio de Medo e Raiva, nos meses seguintes à bela revolução dos cravos. 
Esta gravação é um documento valioso do que foi viver nessa época. 
Eu felizmente vivi essa época bastante protegida. Tal como tantos jovens vivi-a como idiota útil/aventurosa revolucionária.
Porém rapidamente moderada, pois o jogo político começou-me cedo a cheirar-me a esturro. 
Sendo eu então a modelo que mais trabalhava na minha agência. A "Estúdio E" que julgo ser a única a existir em tão conturbados tempos pois todas as anteriores tinham fechado. 
Também era estudante universitária. Deixei a faculdade de medicina nos primeiros dias de abril por me sentir desiludida com o que nos oferecia o curso. Entretanto fiquei em ano sabático até se poder entrar na Escola Superior de Belas Artes, no Chiado. 
Não tinha muita consciencia então das agressões constantes que se faziam por razões revolucionárias. Só o vim a descobrir muito mais tarde. Horrorizada. :'(
Esta coisa de destruirem a felicidade de cada um com o pretexto de construir outra melhor no futuro, é uma grande treta. E tem causado só dor. Torturar o homem para se chegar ao Homem novo, não resulta.
Decidicamente não gosto destes tempos de vampiragem e destruição.
Sei que algum dia conseguimos evoluir continuamente para melhor, sem destruir nem causar sofrimento. Num tempo em que o Amor está no Poder. :)"

O Herman José, outro modelo/ator e "rapaz do meu tempo" ;) , escreveu também um testemunho muito bom sobre o mesmo tema:


"No meio do encantamento pós 25 de Abril de 1974, não faltou quem apanhasse boleia da onda revolucionária para ensaiar o assassinato da maior vedeta portuguesa. Amália - então com pujantes 54 anos - nunca recuperou do desgosto. Reagiu como pode, voltando à estrada para junto daqueles que a amavam e que não se deixaram inquinar por slogans e má imprensa. Este testemunho radiofónico datado de domingo 6 de Outubro, tem tanto de interessante como de desconfortável. Uma semana antes - sábado 28 de Setembro de 1974 - prendiam o Artur Agostinho, cujo crime maior veio a revelar-se ter sido o chamado "êxito continuado para além dos limites que um pequeno País está disposto a suportar". Que sirva de reflexão aos meus pares que acham que a pomposa chegada ao "topo da pirâmide" é um direito inabalável e inalienável ! Citando o slogan do filme A Mosca do David Cronenberg: "Be Afraid, Be Very Afraid !"

Algum dia, espero do fundo do coração, ainda conseguimos fazer revoluções e mudanças sem sofrimento.
Sempre me chocou assistir à destruição de obras de arte, pessoas, artistas, etc. durante as revoluções.
Comentei isto com alguém minha camarada no PS no verão de 1974. Respondeu-me "então, o povo gosta e precisa disso". :'(
Algum dia ainda aprendemos a não deitar fora o bebé com a água do banho :'(
E apasar de toda a balbúrdia que criem à nossa volta com o referencia que o Medo é o veículi do Mal. Enquanto o Bem apenas usa o Amor e Compaixão. 
Aqui abaixo tem o link para a gravação. Assim vai poder ouvir e apreciar a mediocridade daqueles tempos.
Pois "para destruir qualquer um serve". :'(
https://www.youtube.com/watch?v=VYnmX-d9DlA

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